terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Inocência





Se entendes o amor
como a lírica melodia o apaixonado cantor
estende ao infinito seu canto

se sabes o vazio
que tanto preenche o ardil
de não ter teus braços sobre os meus

se compreendes que amar
é quanto e enquanto e portanto, vida ...
se sabes tudo isso

põe tua boca a serviço do beijo
e seca a ferida das palavras vãs
e umedece as maçãs do rosto de desejo

mata a sede de ter da boca
a saliva os lábios a língua
na alma da boca do corpo que ainda
respira ofegante e latejante na pira
onde arde e respira
o ânimo dos sábios e dos errantes

Se, entretanto, nada sabes sobre o amor
ensina-me, então, este encanto de pureza
de postar-se sobre a correnteza

como a folha que o rio leva, docemente
da superfície calma à turbulência do mar

pois sabemos que amor é o que se sente
fora e dentro, no ar, na gente
é missa pagã inocente
tendo o corpo e a alma o mesmo altar.

MAURO VERAS

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